Ferrugem

Era uma noite calada de lábios
e rosas há muito fanados.
Enquanto meu corpo desfacelava-se
em suspiros e tristes fogos.


Não, não digo que rasga -
mas queima-me a ponta dos dedos.


Foi meu peito corroído,
foi um lastro de veneno,
foi a força desconhecida
ou foi um resquício de lamento?


Era uma noite calada de laços
e fitas há muito puídos.
Enquanto teu olhar esperava
por gritos e pobres soluços.


Pois eu sei que não mata -
amputa-me de um amor.


Foi uma manhã fria,
foi a temporada de chuvas,
foi árdua caminhada
ou foi o fim de nossa estátua?


Era uma noite calada de rios
e burburinhos do meu espírito.

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