Nos bulevares doentes, as almas pendentes

Viciosa é  a presença, onde descansa
toda a dor, aquele grito escorregadio.
Queria estreitar nos braços a criança
trôpega, ainda espera o sortilégio vazio.


É onde aquecem-se as mãos no lume -
os dedos gélidos pela fome corrosiva -
para que lentamente a noite se avolume
com tantas entregas à morte lasciva.


Não há abrigo para tamanhos desatinos,
surrupia-se o pão e oferta-se a alma,
deixam ir os ardores pequeninos.
Por fim, os grilhões provocam a calma.


Na sua latente crença de mortalidade,
encontram sustentação em meio ao entulho.
Com os olhos quebrados e repletos de idade,
com as bocas tortas, os sonhos sem barulho.