A coisa

Vi, mas não sei o que vi,
se pelos cantos das paredes, 
se nos rodapés ou nas frestas,
mas eu vi! o quê, não sei. 


Tinha tanta sombra miúda, 
olhos expressivos semicerrados, 
e fazia que estremecesse inteiro.
Mas eu vi!


Uma respiração como
frígida folha farfalhante.
Senti como se fosse um
monstro de criança em medo adulto. 


Mas vi!


Como explicar seus suspeitos passos, 
se desfiz a primeira impressão
de raiva, de carinho doído e amargo.
Agora, sinto o que não sei.