Don Juan
Não negarei carinho, sorriso ou pudor,
nos deliciamos com o jogo debaixo do cetim.
Em seus orbes escuros, espelha-se o fervor,
que, disfarçado, ainda pertence a mim.
Refreando o anseio soluçante, estremeço
frente ao que derrama sua boca de libertino,
a volúpia traiçoeira que não esqueço,
minha ofensa se torna seu desatino.
Seu arfar e sorriso esgarçado, tão crus,
metamorfoseiam-me em pássaro fugidio.
Não pode ser príncipe armado em andaluz,
e sim, jovem bandido de força e brio.
Terei a culpa eterna se, ao condená-lo,
sair caminhando com discreto enfado.
Pela ponte dos que suspiram, ao levá-lo
por conta de um simples beijo roubado.
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