Sétimo dia


Na minha respiração há poeira,
meu arfar triste e jamais vivo.
Agindo como se fosse a coveira
do meu coração fraco e massivo.

Dei a ti palavras, pedaços...
Dei a ti uma mulher para amar...
Mas embriaguei de sonhos escassos,
agora só ouço malicioso debochar.
Se antes meu rosto tinha seu traço,
agora sou a pá a cavar.

Os dias escorridos e noites geladas!
Dirigiu-me a palavra apenas uma vez.
Como não respondi, furou-me com espadas.
Porém eu poderia estar muda, não crês?

Na terra umedecida de choros vagos...
Refogando o metal em minhas mãos...
Sorvendo minha angústia em tantos tragos
que até os abutres parecem sãos.
E a lua me espelha como mil lagos.

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