Fúnebre desatino

Permutou-se minha palavra em acalanto, 
virou uma forma de me perpetuar
na dor, na alegria de um quebranto,
na forma rubra do desabrochar.

Tu crês que eu há muito me perdi, 
chafurdei no vício de um inalcance, 
e, por tudo, acabou que eu me destruí.
Que eu não deixo que meu peito descanse.

Mas ouças a minha urgência -
são as falhas longas do meu querer
que me permitem essa insolência -
porém veja o meu padecer!

Tu creditas ao meu medo a construção
do altar onde empilhei oferendas.
Pensas que do cansaço surgiu a canção
e que ela me abriu nos olhos as sendas.

Eu penso que se vais e rasgas minha face, 
que se sujas meu brilhante resto de virtude,
quero que todo meu amor se desgrace,
quero que tu eclipses em tua magnitude.

Ferrugem

Era uma noite calada de lábios
e rosas há muito fanados.
Enquanto meu corpo desfacelava-se
em suspiros e tristes fogos.


Não, não digo que rasga -
mas queima-me a ponta dos dedos.


Foi meu peito corroído,
foi um lastro de veneno,
foi a força desconhecida
ou foi um resquício de lamento?


Era uma noite calada de laços
e fitas há muito puídos.
Enquanto teu olhar esperava
por gritos e pobres soluços.


Pois eu sei que não mata -
amputa-me de um amor.


Foi uma manhã fria,
foi a temporada de chuvas,
foi árdua caminhada
ou foi o fim de nossa estátua?


Era uma noite calada de rios
e burburinhos do meu espírito.

It didn't take long for us to break the earth

It didn't take long for us to break the earth,
our force to plead the time gone.
And sweep away the dirtness of the hearth, 
for the light grew dim and days grew prone.


Shall I tell you I forgot how to breathe?
Dark hands of my own malice to weep -
wipe my tears, give me some heat. 
Yesterday was easy to leap.


Climbing up my stone wall, 
reaching for the marbled depths.
And then I began to crawl,
threw myself onto no facts. 


Traded myself for dust, 
saw both of us becoming ablaze - 
thinking long gone was trust, 
glimmering last inche of daze. 


Nothing is more pitiful than us.